Como era de se esperar, o que Jair Bolsonaro fala não se escreve. Menos de 24 horas depois de fazer um discurso inflamado, praticamente enterrando as chances do programa Renda Brasil sair do papel, ele já se articula para voltar ao tema.
Agora, assim como fez com o veto ao perdão das igrejas, a ideia é usar o Congresso para chegar ao resultado que realmente deseja. Por isso, Marcio Bittar (MDB-AC), senador relator do Orçamento de 2021, deve incluir alguma menção ao programa social no projeto.
A ideia, depois de implantar na mente das pessoas tudo sobre o projeto, é fazer com que ele ressurja no Congresso. Assim, Bolsonaro consegue o que quer sem ter que sujar as mãos, e consegue finalmente apagar as menções a Lula que existem no governo.
Sepultamento de um não morto
Nessa quarta-feira Paulo Guedes precisou se explicar sobre a Renda Brasil, depois que o presidente afirmou que o programa não sairia do papel.
A fala de Bolsonaro foi dada depois que veio a público a notícia de que, para o programa funcionar, seria necessário congelar diversos benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social.
Congresso preocupado
A cartada de Bolsonaro, ao tentar jogar no colo do Congresso uma medida dura pode dar certo, mas é bom que ele não confie muito. Os parlamentares não estão gostando nada da ideia de precisar pagar a conta da ideia que é de Bolsonaro.
O Renda Brasil, muito menos que um programa que pretende ajudar as pessoas com baixa renda, é uma tentativa de riscar o Bolsa Família, programa de Lula, do mapa. Se a ideia fosse ajudar as pessoas, bastava aumentar ou melhorar o Bolsa Família.
Senador já trabalha
O senador da base aliada do governo já prometeu um rascunho do novo programa para ser apresentado no máximo até a próxima terça-feira. Segundo ele a ideia é manter a discussão privada antes de finalmente apresenta-la.
As críticas já vêm de todos os lados, principalmente diante da carência de recursos do governo. Resta saber quem pagará a conta do projeto eleitoral de Jair Bolsonaro.