Presidente do Banco Central afirma que a prorrogação dos auxílios fiscais deve ser prejudicial à economia


Em declarações concedidas nessa terça-feira (17/11), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, demonstrou sua opinião no sentido de que a continuidade de fornecimento de programas destinados a auxílios fiscais por parte do governo seria prejudicial à economia brasileira.

Em um contexto no qual o ministro Paulo Guedes já afirmou que pretende dar seguimento ao auxílio emergencial caso se confirme uma segunda onda de grande contaminação decorrente do Covid-19, Campos Neto entende que isso produziria efeito “contracionista” no âmbito econômico.

O presidente do BC declarou que isso se daria pelo fato de que os cofres públicos estão em situação delicada, dado o cenário de uma dívida pública superior a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma possibilidade real de o teto de gastos do ano que vem ser descumprido, conforme aponta a Instituição Fiscal Independente (IFI).

Campos Neto destaca a fragilidade fiscal momentânea

Para justificar seu posicionamento frente ao tema, o presidente do Banco Central buscou destacar o cenário de fragilidade no tocante ao fisco nacional, o que não permitiria que um programa de fornecimento de auxílio fiscal tivesse as consequências positivas desejadas.

De acordo com ele, há um momento de “inflexão” conforme a fragilidade fiscal apresentada, no qual colocar dinheiro em circulação não produziria efeitos benéficos, mas sim abriria margem a uma falta de credibilidade.

Ainda, afirmou que o elemento credibilidade tem maior importância, e que sua falta tem grande poder de inibir o crescimento futuro, o que significa dizer que o ato de colocar dinheiro em circulação sem a devida credibilidade para tal seria uma atitude cujas consequências seriam “contracionistas”.

Esforço fiscal e reformas para a estabilização econômica

Para Campos Neto, é necessário encontrar uma solução, mas esta seria bem-vinda caso não incluísse gasto fiscal. 

Segundo ele, ao demonstrar aos agentes financeiros que o governo está tendo esse esforço para controlar a situação fiscal, não é necessário manter essa saída de caixa por programas de auxílio fiscal.

Ainda, afirmou que o que fará o dinheiro circular na economia é a credibilidade e o que traria essa credibilidade seriam as reformas.