Uma das bancadas mais ativas do Congresso Nacional é a chamada “bancada evangélica”. Formada por pastores, padres e outros eleitos com base na religião, o bloco costuma se unir em torno de interesses comuns, o que quase sempre significa benefícios para igrejas.
Dessa vez, o grupo se articulou e conseguiu aprovar um projeto de lei que, na prática, pode anular quase R$ 1 bilhão de dívidas tributárias dos estabelecimentos religiosos. O valor é relativo à multas aplicadas pela Receita Federal após fiscalização.
Bolsonaro deve aprovar
Apesar da crise que o país enfrenta e de o Ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer quase todos os dias que o governo não tem mais dinheiro, é muito provável que o presidente da república abra mão do dinheiro, para beneficiar sua base aliada.
Isso porque foi a bancada evangélica uma das grandes bases que permitiu a eleição de Bolsonaro. Com a influências dos líderes religiosos das inúmeras denominações, ele conseguiu o inimaginável, defender a tortura e ainda receber votos de quem prega amor.
Base aliada
Outro ponto importante para que o governo federal dê seu aval ao projeto é o fato de que a bancada evangélica é o principal pilar do governo para suas votações. Enquanto partidos como o PSL e PMDB não são confiáveis, os religiosos estão sempre com o governo.
Por isso tudo, fica difícil imaginar que Bolsonaro, que já defendeu mais de uma vez que igrejas não deveriam pagar impostos, não vá aprovar o projeto. Principalmente porque, em abril, ele já havia se reunido com o filho de R.R. Soares, um dos maiores devedores.
Legislando em causa própria
O projeto que visa perdoar as dívidas estratosféricas das igrejas foi idealizado por David Soares. Foi ele quem se reuniu com Bolsonaro para tratar do assunto, tendo o presidente ordenado a equipe econômica que resolvesse o problema.
David Soares, no caso, é filho de R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, uma das denominações que deve ser mais beneficiada com o perdão das dividas tributárias do Estado.