Os preços nos supermercados, nas lojas de material de construção e nas bombas dos postos de gasolina demonstram que a inflação chegou. O problema é maior para as famílias de baixa renda, que enfrentam um problema duas vezes pior.
Isso porque, segundo dados que foram elaborados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor, considerando os hábitos de consumo dos consumidores, a inflação dos mais pobres é duas vezes maior do que a dos ricos, nos últimos 12 meses.
Os números
O estudo aponta que, em agosto, a inflação para aquelas famílias que tem renda inferior a R$1.650,50 foi de 0,38%, No mesmo período, para aqueles que tem renda média-alta e ganham acima de R$8.254,83, a carestia foi de apenas 0,13%.
A diferença na comparação entre a inflação de pobres e ricos está no fato de que os mais pobres gastam a maior parte do que ganham com alimentos. Como os alimentos subiram de preço, eles tendem a sofrer mais os impactos da inflação.
Já no caso dos mais ricos, o maior gasto que costumam ter é com serviços. Com a pandemia, o valor deles ou se manteve estável ou, em alguns casos, chegou a diminuir. Por isso, o impacto da inflação é menor.
Mais dinheiro para trabalhar
Outro ponto relevante que demonstra a diferença entre ricos e pobres está no fato de haver mais dinheiro para movimentar de um setor de gastos para outro.
Sem mensalidades escolares para pagar, gastos menores com gasolina e viagens aéreas, os mais ricos puderam transferir o dinheiro de uma área para outra, a de alimentos, e enfrentar com maior tranquilidade os aumentos de preços nesse setor.
Quarentena
O aumento do preço dos alimentos causa tanto transtorno hoje em virtude, principalmente, da quarentena. Com mais tempo em casa, é normal que se aumente o consumo e se gaste mais dinheiro na compra de produtos alimentícios.
Os dados indicam que não há perspectiva de melhora no preço dos alimentos nos próximos meses, e que a tendência é de que os preços só voltem a cair em 2021.