O presidente da república usou o Twitter para anunciar que foi concedida uma nova cota adicional de exportação de açúcar para os Estados Unidos. Segundo o presidente, esse seria o primeiro resultado de uma negociação intensa entre Brasil e EUA.
Como sempre, inverdades. Desde 1994, o Brasil já concede cotas adicionais de exportação de açúcar para os Estados Unidos, sem o pagamento de impostos. Logo, o presidente fez apenas o que todos os outros presidentes fizeram antes dele.
Produtores de açúcar reclamam
Apesar de o presidente ter tentado capitalizar a situação, a União da Indústria e Cana-de-Açúcar (ÚNICA), que representa os produtores, informou que a situação é de praxe não significa qualquer avanço nas exportações.
Outro ponto relevante é que a cota adicional de apenas 80 mil toneladas mantém as isenções comerciais no mesmo patamar. O problema é que isso é insuficiente para compensar os diversos benefícios dados pelo governo ao etanol que vem dos EUA.
Negociações Brasil-EUA
O presidente da república afirmou que este era o primeiro resultado positivo das negociações bilaterais envolvendo os dois países. Considerando que a cota é liberada todos os anos, estranha-se que tenha sido necessário haver negociação.
Mais que isso, o Brasil aceitou prorrogar por 90 dias a isenção de impostos de importação do etanol americano, o que tende a prejudicar os produtores brasileiros. A cota, nesse caso, foi de 62,5 milhões de litros.
Safra crescente
Para os produtores de açúcar, entretanto, a situação é bastante boa. Com o dólar nas alturas, exportar é sempre melhor que vender no mercado interno, com o real cada vez valendo menos. O problema é saber como isso poderá cair no colo do consumidor.
O Brasil tem safras recorde uma atrás da outra e está cada vez mais aumentando sua capacidade de produção. No entanto, as exportações ficam com a maior parte do produto.
Por isso, fica a dúvida se essa exportação desenfreada não terminará aumentando o preço dos produtos para os brasileiros. Arroz e soja também aumentaram a produção, mas o preço nas gôndolas dos supermercados só aumenta.