A equipe econômica do governo federal acredita que, após a queda vertiginosa da produção econômica no início da pandemia, seja possível que ela volta a crescer na mesma velocidade, formando o que se chama de recuperação em “V”.
Para os professores Thiago de Moraes Moreira e Esther Dweck, entretanto, essa esperança utópica pode não passar de ilusão e a retomada em “V” poderia ser o que se denomina um “overshooting” de expectativas.
Motivos para o erro de avaliação
Segundo os professores, haveria uma superestimação da ideia de recuperação e será preciso muito mais tempo para que a economia volte ao patamar de antes.
A recuperação em “V” imagina que a recuperação se dará na mesma velocidade da queda. No entanto, não há indícios de que isso possa acontecer em curto prazo.
A ideia de que a pandemia já atravessou o seu pior momento e que a recuperação começa agora e tende a crescer de forma exponencial é um erro, principalmente diante do cenário de incerteza que permeia o mundo.
Bons resultados não significam recuperação total
Ainda que os números do último mês, principalmente, tenham demonstrado que há uma recuperação em curso, isso se deve muito mais ao afrouxamento da quarentena do que especificamente à evolução da economia.
O aumento do consumo privado também ajudou a fazer os números crescerem, mas é preciso tomar cuidado, principalmente agora que os auxílios emergenciais começam a perder valor e já tem o fim previsto para o mês de dezembro.
Segundo os professores, essa perda de renda da população ainda impactará a forma com que a economia irá se recuperar.
O pós-pandemia não será fácil
O maior problema para a recuperação em “V” é a contração de gastos somada a insuficiência de demanda agregada e o alto número de desempregados, segundo eles.
Obviamente que os números tendem a continuar melhorando, conforme a quarentena for se afrouxando cada vez mais. Porém, é importante lembrar que ainda não há uma vacina aprovada e os rumos da pandemia podem mudar a qualquer momento.
A recuperação será lenta e pouco consistente.