Economia que só beneficia mercado deve dar uma pausa no governo


As mudanças na economia promovidas por Paulo Guedes, Ministro da Economia, até agora, tiveram como únicos beneficiados os empresários. Na última reunião do COPOM, no entanto, o governo pode ter dado o sinal de que não fará tudo para agradar o mercado. 

Ao contrário do que queriam empresários, a taxa de juros foi mantida em 2%. Para muitos o número está abaixo do que deveria, principalmente em razão da inflação já ter alcançado os 3,5% e ter espaço para crescer ainda mais até o final do ano. 

Instabilidade fiscal preocupa

O Comitês de Política Monetária afirmou estar preocupado com a instabilidade fiscal e não se alinhou com os analistas de mercado. O novo corte de juros esperado por eles, então, não aconteceu e, dificilmente, acontecerá. 

O COPOM manifestou que por prudência e pensando na estabilidade financeira, pouco espaço haveria para a utilização da política monetária. Mais que isso, apontou que, caso haja alguma alteração, será muito pequena. 

Juros devem aumentar

Diante do novo posicionamento do governo, eventualmente a taxa de juros pode voltar a subir. A queda acentuada que se deu mês a mês refletia uma expectativa do Banco Central de que os juros voltariam a subir no início do ano de 2021. 

O Banco Central já prevê uma taxa de 2,75% de juros para o ano que vem. A alta deve ser moderada, mas dificilmente não acontecerá. O Banco Central, no entanto, parece estar ignorando a forte alta da inflação que se aproxima. 

O jogo é difícil

O país não tem credibilidade internacional há algum tempo e tem no mercado o seu principal aliado. O Banco Central, então, tem apostado em uma política menos contracionista, enquanto evita contar com papéis de vencimento a longo prazo. 

Parece que a ideia do órgão é promover um ajuste fiscal que não influencie tanto na atividade econômica. Assim, o Banco Central aceita o risco de ter ações que descontentam o mercado. 

Enquanto isso, no fundo do poço, a população luta com a inflação nas alturas, o desemprego e a falta de perspectiva.