O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, mais uma vez, a taxa básica de juros no país na casa dos 2%. O número baixo é alardeado aos quatro cantos como algo muito bom, mas, na verdade, o Banco Central precisa lidar com algo insustentável.
O mercado apostava em uma recuperação rápida da economia. Mais que isso, a ideia era que, após a pandemia, tudo se recuperaria rápido e a inflação ficaria baixa. Ledo engano, a economia ainda patina e a inflação voltou a galopar cada vez mais forte.
Taxa insustentável
Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, que já foi Ministro das Comunicações e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a manutenção da taxa Selic em 2% é insustentável.
Isso porque o Banco Central seguiu as ideias do mercado sem fazer uma autocrítica. O mercado acreditava que a inflação não passaria de 2%. Hoje ela está em 3,5% ao ano e não há indícios de que possa cair em um curto espaço de tempo.
O sistema de metas do Banco Central trabalha com as estimativas feitas pelo mercado. Agora, com a Selic menor que a inflação, todos perdem dinheiro, inclusive o governo.
A solução é equiparar as taxas
Segundo Mendonça de Barros, o ideal seria o Banco Central admitir o erro e fazer uma alteração, aumentando a taxa de juros. Como a previsão da inflação é de3,5%, essa deveria ser também a taxa Selic.
Segundo ele, de nada adianta aumentar 0.15 pontos, por exemplo. Isso porque a inflação futura tende a ser ainda maior. Segundo ele, o erro não pode permanecer e o ideal seria que fosse corrigido o mais rápido possível.
Déficit Público
Outro ponto importante está na questão do déficit público. Ele tem tudo para ser apontado, na maioria das situações, como o grande vilão da economia. Mas não é bem assim.
A situação dos juros básicos não tem nada com isso. O ideal é controlar a inflação ou aumentar os juros básicos. A segunda alternativa é mais rápida e de bons resultados.