O liberalismo brasileiro investe na distribuição de renda


O governo de Jair Bolsonaro foi eleito com a defesa de uma administração econômica liberal. A ideia, em suma, era de que, quanto menos o estado interviesse na economia, melhor. Com os passar do tempo, entretanto, inventou-se o liberalismo à brasileira.

Nada de se surpreender, num país onde comunismo, socialismo, nazismo e fascismo têm definições diferentes que de todo o mundo. Porém, causa estranheza a forma com que o governo consegue atuar de forma tão eclética, no liberal e no social. 

A popularidade manda

O presidente estava vendo sua popularidade baixar em meio a pandemia. Com muitas decisões erradas, uma crise econômica gritante e um número absurdo de mortos, a tendência era de que o governo perdesse cada vez mais prestígio.

No entanto, o auxílio emergencial defendido pelo Congresso Nacional virou bandeira do presidente. Com isso, ele conseguiu recuperar muito de sua popularidade política. Agora, a defesa pela distribuição de renda supera até mesmo Lula em seus tempos áureos. 

Segundo Paulo Guedes, o auxílio emergencial “é dinheiro na veia do povo”. A frase saindo da boca de um liberal assumido, demonstra bem o momento em que vivemos. 

Paulo Guedes quebra a cabeça

Ainda que Paulo Guedes, em público, venha defendendo o novo estilo “pai dos pobres” do presidente, está difícil fechar a conta. Nas últimas semanas não foram poucas as crises causadas pela necessidade de encontrar dinheiro para pagar programas “sociais”. 

O Renda Brasil naufragou quando se descobriu que a ideia era financiá-lo com o congelamento dos benefícios do INSS. Logo depois, agora chamado de Renda Cidadã, a tentativa é deixar de pagar os precatórios e assim conseguir caixa.

No meio de tudo isso ainda houve uma ideia de tirar dinheiro do Fundeb, fundo voltado para a educação básica que não precisa respeitar o teto de gastos e é sempre alvo do governo. 

Economia patina

O governo tenta economizar e liberar dinheiro, para fazer a economia girar, mas a estrutura está ruim.

A pandemia desarticulou todo o processo produtivo e essa engrenagem vai demorar a voltar ao normal. 2021 será muito difícil.